Sete Narrativas Góticas foi a primeira obra publicada por Karen Blixen, em 1934. Os sete contos tratam de estranhos acontecimentos em histórias que fundem real e ficção.
O tempo se encarregou de mostrar que os escritos de Blixen eram algo único e, sobretudo, incatalogável. No pantempo destas histórias góticas inserisse a cruciante consciência dos descaminhos de nossa cultura hegemônica, com algumas argutíssimas premonições do insolúvel problema ecológico que se aloja em suas entranhas pensantes. Do que tratam as histórias? Tratam de acontecimentos — cheios de peripécias — que, a par da fabulação mirabolante, deixam entrever na trama uma tessitura alegórica de significados e alusões que, em última instância, se reportam diretamente à vivência da autora. O título da coletânea no original inglês — Seven Gothic Tales — parece sugerir, por trás daquilo que é pertinente aos godos, antigos povos germânicos, um pouco como o estilo arquitetônico, algo que é retorcido, agoniado, opaco e decadente, como uma civilização que se perdeu na preciosidade de volutas, frisos e vitrais, em detrimento da vida.