A obra reúne uma série de ensaios do professor Usarski, cujo fio condutor assenta-se na afirmação da autonomia de uma Ciência da Religião que, justamente em virtude de tal prerrogativa, pode apresentar-se em todo o seu potencial de crítica às ideologias imperantes na sociedade e nas corporações religiosas.
São cinco ensaios publicados entre 2001 e 2005, dois como capítulos em antologias e os demais como artigos em periódicos. Cada texto representa um raciocínio coeso sobre determinado aspecto da complexa problemática da constituição e do status institucional da Ciência da Religião.
O primeiro ensaio, O caminho da institucionalização da Ciência da Religião — Reflexões sobre a fase formativa da disciplina, recupera algumas das etapas do processo de diferenciação no decorrer do qual o estudo das religiões adquiriu hoje perfil «sistêmico».
No capítulo subsequente, Os enganos sobre o sagrado — Uma síntese da crítica ao ramo «clássico» da fenomenologia da religião e seus conceitos-chave, procura-se demonstrar que a fixação de um “horizonte exterior” é uma necessidade, na definição de um sistema que mereça o nome de ciência.
Já o terceiro texto, O perfil paradigmático da Ciência da Religião na Alemanha, faz referência ao conceito de paradigma de Kuhn e mostra que a Ciência da Religião se justifica como matéria universitária autônoma pela existência de um paradigma seguido pelos pesquisadores da área, o qual é comandado por um conjunto de axiomas consensuais e de métodos coletivamente aceitos como «válidos».
Para encerrar são abordadas duas dinâmicas simultaneamente geradas pela diferenciação entre a Ciência da Religião e seu ambiente exterior: como a Ciência da Religião deve tratar os “impulsos” que recebe de “fora” e quais as contribuições que traz para seu ambiente? Em Descendo a torre de marfim — O impacto do discurso público sobre “seitas” na Ciência da Religião na Alemanha fala-se dos processos de input e, em O potencial da Ciência da Religião de criticar ideologias — Um esboço sistemático, das conseqüências do output.