pt
Boeken
Luiz Antonio Simas,Luiz Rufino

Flecha no tempo

«O contrário da vida não é a morte, mas o desencanto. Partindo desse princípio, estes textos foram escritos com a palavra encaboclada e o olhar atento à labuta das iaôs que cobrirão com folhas de pitangas o nosso solo fértil, macaia das solidões compartilhadas. Para a batalha, os ogãs preparam o balaio das iabás, aquele que será ofertado na quebrada do sol, onde o mar afaga o céu e o mundo continua. Contra o canhão, o caboclo riscará o chão da mata. Ossain preparará um banho com as jinsabas mais cheirosas; Vunji convidará as crianças; Angorô, que é também Oxumarê, inventará improváveis arco-íris; Gongobira encherá de peixes coloridos a lagoa de águas escuras, densa como as florestas de onde um Guarani trará a carne saborosa das caças. O senhor da guerra forjará no ferro em brasa cimitarras, adagas e, sobretudo, ferramentas de inventar o mundo. Um cortejo de cabras, pombas e caramujos precederá o afoxé anunciado pelo pano branco de Lemba-Dilê. Tem amalá no fogo e rogações ao milho nas bandeirinhas de São João. E começará o ritual: os corpos terão que ser fechados ao assombro domesticador, normatizador e disciplinador que se emana no carrego colonial, aquele que exige corpos adequados para o consumo e para a morte em vida; a pior que há. Saravamos os mortos que vivem valentemente galopando seus cavalos (de santo); choramos os vivos que são mortos sem cavalo, sem galope, sem vento ou valentia. Flecha no tempo parte de um desafio e de uma constatação: ou escutaremos e falaremos com outras vozes ou nos calaremos pra sempre».
120 afgedrukte pagina’s
Auteursrechteigenaar
Bookwire
Oorspronkelijke uitgave
2019
Jaar van uitgave
2019
Hebt u het al gelezen? Wat vindt u ervan?
👍👎
fb2epub
Sleep je bestanden hiernaartoe (maximaal 5 per keer)