Amizade sempre foi algo muito importante para mim. Na verdade, graças às minhas amigas, eu permaneço aqui, viva. Foram elas que desde sempre seguraram a minha mão. São elas que não permitem que eu sucumba diante dessa sociedade chamada patrirracialcapacitalista por Marcia Tiburi (2024).
Em um texto que mescla relatos pessoais e considerações históricas importantes, Ingrid Gerolimich defende a ideia de que a amizade entre mulheres é «aquela que nos revela que o amor é muito mais do que este que sempre foi vendido para nós como o único caminho possível para a felicidade». Para revolucionar o amor: A crise do amor romântico e o poder da amizade entre mulheres é livro para presentear e ler com as amigas, naquela terapia que só a conversa entre as nossas consegue promover.
Conceição Evaristo, Silvia Federici, bell hooks e Audre Lorde são algumas das autoras citadas na obra. É interessante ressaltar que, com vocabulário próprio, cada uma dessas pensadoras trata sobre o tema. Audre Lorde, inclusive, faz uma bela distinção entre sororidade (termo adotado, em geral, pelas feministas brancas) e irmandade (relação que se estabelece — ou que deveria se estabelecer — entre mulheres negras, marrons, trans; enfim, à margem). Ter (e ser) amigas é autocuidado, mas é, também, cuidar de outras existências, é conversa-diálogo, escuta-respeito.
«Ter amigas, além de agregar prazer à vida, é a maneira como construímos nossa subjetividade por meio de laços que nos integram ao mundo em vez de nos aprisionar […]. A amizade é uma convocação à liberdade», diz Ingrid.
Honro e celebro as minhas amigas. E você, já falou um “eu te amo” para as suas hoje? | Maria Carolina Casati